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Proibido estacionar na vida!

“CRIANÇA FELIZ, QUEBROU O NARIZ. FOI PRO HOSPITAL, TOMAR SONRISAL”.

Lembram desta canção?! 

Nos anos 60 e 70, durante o regime militar à Jovem Guarda… O rádio ligado era a respiração dos lares. As brincadeiras de roda eram momentos faceiros. Quanto mais meninas a rodar, mais forte o canto e o riso desta ‘ciranda, cirandinha, venham todos cirandar’, imensos nos recreios escolares de dias chuvosos. 

Tempo bacana onde uma dupla batia, frente a frente, as palmas das mãos, estalando vivacidade em versos. Na cantiga de pular corda, adivinhávamos o futuro (casada, solteira, viúva, freira). Vozes de dar medo para ‘olhos de vidro e cara de mau’. Só mentira, uma piruada a ‘atirar o pau no gato’. 

Em junhos, envergonhados pares a pedir “ai, bota aqui o teu pezinho bem juntinho com o meu”. 

Em dezembros, ‘bimbalham sinos festivamente’ e outro ano de canto mal afinado viria nos ensinar que ‘isso não são maravilhas, são estrelinhas no céu”. 

Tempos de emocionantes festivais na TV em preto e branco, os quais teriam, já no dia seguinte, nossa edição ‘revista e piorada’ com roupas, saltos, colares e até perucas bem penteadas que mães e irmãs emprestariam, sem saber, para subirmos aos palcos das camas com microfones de cabos de vassoura.

Suspiros e lágrimas, camuflados na Sessão da Tarde com Elvis, nos treinaram a cantar refrões internacionais. 

Atemporais, aberturas de Daniel Boone a Bonanza, de Fantástico a Rim-Tim-Tim eram um coro juvenil, uníssono, das crianças de cada casa, simultâneos como nunca mais. 

Aprendemos a rimar a alegria, a dor, a saudade e a espera. Nos ensinaram a ‘passar o tempo a cantar’. Corais, aulas de música, de piano a gaitas de boca, ou até melodias com papel de bala esticados nos lábios. Assoviar melodias e imitar o pio das aves. Batucar até achar o som improvável. Hinos nas igrejas, a plenos pulmões, Hinos da Pátria também. Acordar com bandinhas a tocar, os pais, pá-pum-pá-pá, nos tirando para dançar na cozinha. A Rádio Progresso acordando a cidade nos dias de não bater cartão. Toca- discos e vitrolas, talvez, sons e memórias de bailes que o romantismo podia visitar. E o rádio, o rádio portátil, pilhas extras nos bolsos, indo conosco aos pique-niques improvisados, ou para deitar ao nosso lado em sombras de árvores, à fresca, lugar de montarmos quebra-cabeças, disputamos pega-varetas e dominós, ou lermos gibis, fotonovelas ou enciclopédias bem ilustradas, isso enquanto os pais iriam dar um cochilo juntinhos, nos domingos em que a nossa roupa não podia sujar. 

Nosso riso era, sem dúvida, a música predileta dos nossos pais e avós, só proibida nas sextas-feiras santas e nos castigos levados literalmente a sério. Só detido com doença grave e Sonrisal. 

No 12 de outubro, juntos nestas memórias, visitamos quem ainda mora em um lugarzinho da gente, a ‘CRIANÇA FELIZ, FELIZ A CANTAR, ALEGRE A EMBALAR SEU SONHO INFANTIL’.

Lembre-se que a nossa essência infantil, estará sempre em nossos corações…